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Burnout: um conceito de medicalização/psicologização

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Burnout: um conceito de medicalização/psicologização Na nossa postagem de hoje iremos abordar sobre a medicalização e a psicologização.   Para isso realizamos uma resenha do artigo Burnout e estresse : entre medicalização e psicologização, de Isabela Vieira e Jane Araujo Russo, no ano de 2019, na revista Physis: Revista de Saúde Coletiva, o qual apresenta as questões de medicalização e psicologização relacionadas ao burnout e estresse. De acordo com Viera e Russo (2019), o primeiro conceito utilizado para definir burnout , em 1974, estava relacionado ao esgotamento próprio das profissões de cuidado. Entretanto, as pesquisas realizadas no fim do ano de 1980, passaram a relacioná-lo também ao contexto de saúde coletiva, em especial a saúde do trabalhador. Um dos principais sintomas provocados por essa síndrome é o estresse, o esgotamento físico e o mental. Geralmente é definida como síndrome psicológica decorrente do estresse crônico laboral. Por ser considerada uma re...

Os ataques a Reforma Psiquiátrica no Brasil.

Os ataques a Reforma Psiquiátrica no Brasil.   No blog de hoje iremos trazer algumas questões atuais sobre a Reforma Psiquiátrica brasileira. Para isso preparamos uma resenha do artigo de Rossano Cabral Lima, o qual aborda um pouco sobre a reforma psiquiátrica no Brasil e os riscos de haver um retrocesso na área de Saúde Mental no país. De acordo com Lima (2019), a Reforma Psiquiátrica que nasceu com o Movimento dos Trabalhadores de Saúde Mental, no ano de 1970 e que foi ampliada como Movimento da Luta Antimanicomial na segunda metade dos anos 1980, gradualmente se transformando em política oficial do Estado brasileiro. A partir do ano de 1991, a Coordenação de Saúde Mental do Ministério da Saúde foi sendo ocupada continuamente por militantes da Reforma Psiquiátrica Brasileira (RPB). Entretanto, esse quadro começou a se modificar no final do ano de 2015, com a nomeação de um coordenador de Saúde Mental, Álcool e outras drogas, que tinha ligação com o modelo manicomial. Se...
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A Reforma Psiquiátrica Italiana  Na nossa postagem de hoje iremos abordar a experiência do movimento da Reforma Italiana que começou no início do ano de 1960, em Gorizia, cidade pequena no norte da Itália, com Franco Basaglia, Antonio Slavic e outros jovens psiquiatras. Os primeiros anos dessa reforma foram influenciados pela experiência das ComunidadesTerapêuticas e a Psiquiatria Institucional , com o objetivo de tornar o hospital um lugar de efetivo tratamento e reabilitação, sendo estas estratégias provisórias para se desmontar a estrutura manicomial (Amarante, 2013). Entretanto através do contato com as obras de Michel Foucault e Erving Goffman, Basaglia passou negar a psiquiatria enquanto ideologia (Amarante, 2013). De acordo com Amarante (1998), os ideais terapêuticos para se tratar a louco acaba por aproxima-lo ainda mais da loucura. Atribuindo ao louco uma identidade de marginal e doente, excluindo esse da sociedade e inserindo-o em instituições organizadas p...

Psiquiatria de Setor e Psiquiatria Preventiva

Psiquiatria de Setor e Psiquiatria Preventiva A Psiquiatria de Setor, que consistem em dividir a comunidade em áreas geograficas e cada uma dessas áreas correspondia a uma divisão hospitalar, surgiu na França em um contexto de pós-guerra, nos setores mais críticos, até que nos anos 1960 se tornou a política oficial. Ela se apresenta como um movimento que vai contra a psiquiatria asilar, inspirando-se nas ideias de Bonnafé e de grupos psiquiátricos que tiveram contato com os manicômios franceses e reivindicaram uma transformação urgente na forma em que esses se organizavam. Esse movimento busca por uma psiquiatria que consiga desempenhar sua vocação terapêutica, o que para os defensores desse movimento era impossível de se alcançar em uma estrutura hospitalar alienante (Amarante, 1998 ). Com isso surgiu à ideia de levar a psiquiatria à população, o paciente seria tratado dentro do seu ambiente social, ao passo que a passagem pelo hospital seria somente uma etapa do tratamento,...

Psicoterapia Institucional Francesa

Psicoterapia Institucional Francesa A psicoterapia institucional contribuiu de maneira significativa para o tratamento dos doentes mentais internos nos asilos, sendo mais tarde implementado por outras instituições nos atendimentos a esses pacientes. A psicoterapia institucional foi assim denominada por Daumezon e Koechlin, em 1952, para caracterizar o trabalho que havia sido realizado em anos anteriores por Tosquelles no Hospital Saint-Alban, na França. Para Tosquelles, seu trabalho seria algo semelhante a um atendimento coletivo terapêutico. (Amarantes, 1998) Durante o período da ditadura espanhola de Franco, Tosquelles passou a trabalhar na França, em um período muito crítico em decorrência da Segunda Guerra Mundial. Percebendo as dificuldades da sociedade, ele se preocupou com os loucos internados nos asilos. Ao deparar com a degradante situação dos internos, Tosquelles começa uma série de transformações para ajudar esses doentes. Desta forma, “os primeiros anos de reforma d...

As Comunidades Terapêuticas e as Instituições Psiquiátricas

A reforma psiquiátrica brasileira sofreu influência de tendências e experiências internacionais. Por isso, na postagem de hoje, iremos trazer o conceito da Antipsiquiatria e um pouco sobre as Comunidades Terapêuticas, que ocorreram no final dos anos 50 e início dos anos 60 na Inglaterra.           Comunidades Terapêuticas O termo Comunidade Terapêutica surgiu em denominação ao trabalho que T. H. Main realizou no hospital de Monthfiel, na Birmngham. Mas é com Maxwell que ela passa a caracterizar os processos de reformas institucionais, exclusivamente dos hospitais psiquiátricos. Essas reformas tinham como objetivo “adoção de medidas administrativas, democráticas, participativas e coletivas, objetivando uma transformação da dinâmica institucional asilar” (Amarante, 2010, p.17). As Comunidades Terapêuticas surgiram em um período histórico de pós-guerra, mostrando a precariedade que se encontrava os asilos na época, os quais não estavam tendo êxodo no ...

As figuras da loucura na era Clássica

As figuras da loucura na era Clássica  O assunto abordado no blog hoje será o oitavo capítulo do livro “História da Loucura” escrito por Michel Foucault em 1961, titulado de Figuras da Loucura. O autor começa o capítulo afirmando que a loucura e a negatividade que se da numa plenitude de fenômenos. O objetivo do capítulo é discorrer sobre cada uma das grandes figuras da loucura que se mantiveram ao longo da era clássica: demência, mania, melancolia, histeria e hipocondria (Foucault, 1978). O capítulo do livro e subdivido em tópicos, o primeiro tópico aborda a demência. De acordo com Foucault (1978), dentre de todas as doenças essa é a que mais se aproxima do sentido contemporâneo  da loucura, incluindo tudo que possa ser negativo: desordem, decomposição do pensamento, erro, ilusão, não razão e não verdade. Willis citado por Foucault atribui-lhe as características principais da estupidez, que Foucault define como “a falha da inteligência e do juízo”. A demência, no sécul...