Os ataques a Reforma Psiquiátrica no Brasil.
Os ataques a
Reforma Psiquiátrica no Brasil.
No blog de hoje iremos
trazer algumas questões atuais sobre a Reforma Psiquiátrica brasileira. Para
isso preparamos uma resenha do artigo de Rossano Cabral Lima, o qual aborda um
pouco sobre a reforma psiquiátrica no Brasil e os riscos de haver um retrocesso
na área de Saúde Mental no país.
De acordo com Lima
(2019), a Reforma Psiquiátrica que nasceu com o Movimento dos Trabalhadores de
Saúde Mental, no ano de 1970 e que foi ampliada como Movimento da Luta
Antimanicomial na segunda metade dos anos 1980, gradualmente se transformando
em política oficial do Estado brasileiro. A partir do ano de 1991, a
Coordenação de Saúde Mental do Ministério da Saúde foi sendo ocupada
continuamente por militantes da Reforma Psiquiátrica Brasileira (RPB).
Entretanto, esse quadro começou a se modificar no final do ano de 2015, com a
nomeação de um coordenador de Saúde Mental, Álcool e outras drogas, que tinha
ligação com o modelo manicomial.
Segundo Lima (2019), o
movimento contrarreformista ganhou força em 10 de fevereiro 2017, com a
indicação de representantes da Associação Brasileira de Psiquiatria, que desde
o inicio dos anos 2000 vem caminhando em sentido oposto ao da Reforma
Psiquiátrica. Nesse mesmo ano, o novo coordenador aprova a proposta de “novas diretrizes”
que de acordo com Pitta e Guljor (2019) não tem nada de novo, apenas um retorno
à hospitalização de usuários com transtornos mentais, assim como também um
retorno da rede ambulatorial ao modelo de prescrição de psicofármacos e
internações, e a perda de importância dos leitos psiquiátricos em Hospitais
Gerais.
De acordo com Lima
(2019), essa Nota Técnica tem como tema
principal a inclusão do hospital psiquiátrico na Rede de Atenção Psicossocial,
ignorando que a substituição desse modelo garantiu que as pessoas com
transtornos mentais tivessem acesso ao tratamento em liberdade e próximo ao
local de moradia dos usuários dos serviços. Além do retorno do manicômio, outra
coisa que a Nota Técnica trás são as comunidades terapêuticas de modelo
assistencial fechado de longa permanência, podendo ser de matriz religiosa e
baseado na abstinência total, para tratamento de abuso de álcool e outras
drogas. Dessa forma ignoram as
estratégias de redução de danos, que implicam em um cuidado contínuo e em
liberdade.
Lima (2019) aponta que
existem outros pontos problemáticos na Nota, como por exemplo, o fato de o
único tópico que trata exclusivamente a saúde mental infanto-juvenil se refira à
internação em hospitais psiquiátricos; financiamento de equipamento de eletroconvulsoterapia
(ECT). É diante desses aspectos que essa Nota provocou intensa reação de
movimentos sociais, associações, conselhos profissionais, conselhos de saúde e
comunidade acadêmica. Essa Nota é retirada do ar após essas várias críticas e
movimentos.
Com isso, como o
próprio Lima (2019) aponta em seu artigo, é importante que nossa vigilância se
torne constate, principalmente nesse momento em que se encontra em ascensão no
governo federal um projeto ultraconservador que coloca em risco a sobrevivência
do Sistema Único de Saúde, assim como toda a luta que tivemos nos últimos anos
para a construção de um Estado de bem-estar social, e a luta antimanicomial.
Referências:
Lima, R. C. (2019) O
avanço da contrarreforma psiquiátrica no Brasil. Revista da Saúde Coletiva, 29
(1). DOI: http://dx.doi.org/10.1590/S0103-73312019290101.
Pitta, A. M. F, &
Guljor, A. P. (2019) A violência da contrarreforma psiquiátrica no Brasil: um
ataque a democracia em tempo de luta pelos direitos humanos e justiça social,
6-14. DOI: https://doi.org/10.25247/2447861X.2019.n246.p6-14.
Olá meninas! Muito interessante a escolha dos artigos a serem trabalhados no post de hoje. Foram de grande relevância para nossa formação enquanto psicólogas. Sem dúvidas, é muito necessário refletir de modo crítico sobre movimentos de contrarreforma psiquiátrica no Brasil! A construção do blog de vocês ficou incrível. Parabéns meninas!
ResponderExcluirParabéns pelo texto meninas!!! Muito importante a contribuição de vocês, foi uma leitura leve e clara!!! Estamos acompanhando todos os posts!!!
ResponderExcluirOlá meninas, tudo bem? Adorei a crítica que vocês trazem no final do texto, realmente é muito importante para nós enquanto futuros profissionais que pretendem atuar na área da saúde. Adorei a síntese, o que permite uma leitura rápida, porém, clara. Beijosss!!!
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