As figuras da loucura na era Clássica

As figuras da loucura na era Clássica 

O assunto abordado no blog hoje será o oitavo capítulo do livro “História da Loucura” escrito por Michel Foucault em 1961, titulado de Figuras da Loucura. O autor começa o capítulo afirmando que a loucura e a negatividade que se da numa plenitude de fenômenos. O objetivo do capítulo é discorrer sobre cada uma das grandes figuras da loucura que se mantiveram ao longo da era clássica: demência, mania, melancolia, histeria e hipocondria (Foucault, 1978).
O capítulo do livro e subdivido em tópicos, o primeiro tópico aborda a demência. De acordo com Foucault (1978), dentre de todas as doenças essa é a que mais se aproxima do sentido contemporâneo  da loucura, incluindo tudo que possa ser negativo: desordem, decomposição do pensamento, erro, ilusão, não razão e não verdade. Willis citado por Foucault atribui-lhe as características principais da estupidez, que Foucault define como “a falha da inteligência e do juízo”. A demência, no século XVIII, passou a receber diferentes nomes de acordo com a idade do indivíduo que a manifestava; na infância era chamada de besteirapatetice; quando se estende pela o surge na idade da razão recebe o nome de imbecilidade; quando ela aparece na velhice é normalmente camada de disparate ou condição infantil.
Além de trazer a noção que se tinha sobre a demência, o autor faz uma distinção entre ela e o frenesi. De acordo com Foucault (1978) essa diferenciação é fácil de ser estabelecida, visto que o frenesi sempre se apresenta junto com a febre, ao passo que a demência é uma doença que não apresenta febre. O frenesi é caracterizado por inflamação, calor excessivo do corpo, queimadura dolorosa da cabeça, violência do gesto e da fala. De acordo com Foucault, para a maioria dos autores do século XVIII, o frenesi tem sua origem no próprio cérebro, eles pensavam que a própria matéria cerebral podia inflamar.
O segundo tópico trazido por Foucault (1978) é sobre a mania e melancolia. Segundo o autor a melancolia é uma loucura sem febre nem furor, acompanhada pelo temor e pela tristeza, o que para ele explica o fato dos melancólicos gostarem da solidão e evitarem as companhias; o que faz com que se tornem mais apegados ao objeto de seu delírio enquanto parecem indiferentes a todo o resto (Foucault, 1978). Willis (citado por Foucault, 1978) coloca a mania como oposta à melancólica, visto que o espirito do melancólico está voltado para reflexão e a sua imaginação permanece em repouso e esta sempre acompanhada pela tristeza e pelo medo, já o maníaco tem seus pensamento ocupados pelas fantasias e imaginação e esta sempre acompanhada pela audácia e pelo furor.
O ultimo tópico do capítulo irá tratar sobre a histeria e hipocondria. De acordo com Foucault (1978) essas duas não se agrupavam em uma proximidade lógica. A hipocondria apresentava alucinações que andam sobre a saúde, nela os espíritos são irritações, em virtude de algo que lhe é hostil e mal adequada causando irritações, perturbações nas fibras sensíveis. A histeria apresenta-se em forma de convulsões, nela os espíritos são submetidos a impulsos recíprocos que poderiam fazer crer que explodirão provando a convulsão. 
Com o estudo do capítulo oito, pudemos compreender como a loucura era vista na idade clássica e como elas eram agrupas e classificadas, e como posteriormente a psiquiatria veio contribuir no entendimento da loucura. O texto é muito interessante pois traz a forma como as pessoas viam a loucura na época, apesar de ser de  difícil compreensão  e complexo.

Referência
Foucault, M. (1978) Figuras da Loucura. In M. Foucault. História da Loucura na Idade Clássica (p. 278-327 ). (J.T.C.Netto, trad.) São Paulo: Editora Perspectiva. (Obra original publicada em 1961).

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